terça-feira, 30 de outubro de 2007

A carta
Na manga
O copo
De pinga
O peito
Que zanga
O golpe
Que vinga

A nota
De Donga
O disco
De Guinga
O sol
Do bacanga
O chão
Da caatinga

O ar
Que se expira
O corpo
Que ginga
Na luz
Da varanda
A flor
Que desanda
No passo

Do corpo
Que ginga...

sábado, 20 de outubro de 2007

Sobre disfarces e putaria...

PFListas se disfarçam de DEM (o), Tucanos falam como cordeiros, mas são bem pior do que os lobos maus das estepes. Michel Temer se disfarça de PMDBista, Suplicy se disfarça de esquerdista e Heloisa Helena se disfarça de moralista. Jô Soares usa o esnobismo cultural para se disfarçar de inteligente, Alexandre Garcia se disfarça de pinguim da barba branca, mas é um babaca. Sérgio Noronha se disfarça de sério, mas ninguém acredita. Evandro Mesquita se disfarça de idiota, mas é inteligente. Miguel Fallabella se disfarça de inteligente, mas é idiota. A prisão se disfarça de machismo A posse se disfarça de amor. A liberdade parece uma traição, mas respeita os instintos mais primitivos que sempre são reprimidos em nome de cagações de regra que costumamos chamar de "convenções". Poesias se confundem com frases bêbadas.
Não adianta espernear ou relinchar que "o mundo é escroto, todo mundo é filhodaputa..." ou "ninguém me entende...". Os disfarces estão expostos para quem quiser ver, ouvir e tocar, em um poço desses com fundo raso. Para descobrir, o cidadão precisa apenas cavar um pouco mais fundo. Mas com cuidado; se vacilar, mete a mão na merda, a mais pura das merdas. Nua, crua e indisfarçável.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Dúvidas e sono

Não sei se
é dúvida
ou cansaço
Na dúvida
eu passo
o dia dormindo
até o sono
cansar...

Brasil x Equador

Bem, que o Ronaldinho Gaúcho é craque, o Kaká chuta bem e o Robinho é o moleque mais vadio de Madri, qualquer pessoa é capaz de enxergar. Mas algumas coisas que são ditas na imprensa me deixam preocupado e, até certo ponto, desapontado com a cobertura esportiva da partida e, sobretudo, a tortura psicológica feita com alguns personagens como Dunga e Afonso.
É triste perceber que o jornalista esportivo assumiu a condição de caixa de ressonância, que certa vez Carlos Alberto Parreira atribuiu ao povo. De acordo com o técnico tetracampeão do mundo, a massa repetia o que os jurássicos profissionais da imprensa falavam em programas de resenha esportiva.
Atualmente tenho dúvidas sobre quem repete quem. Virou moda dizer que o repórter tem de perguntar o que o torcedor quer saber. Esse jargão, ao mesmo tempo que é esclarecedor e óbvio, torna-se absolutamente perigoso e nocivo para o próprio repórter, que pode usar tal argumento para trabalhar mal, ou reforçar polêmicas absurdas para inventar assunto, apostando na tese (verdadeira) de que o povo gosta de um bom fuzuê retratado em um bom texto, seja ele verdadeiro ou não.
É uma dialética interessante, na qual o repórter chama o torcedor de burro e o torcedor fica alegre feito pinto no lixo, principalmente depois de cinco gols e várias doses alcóolicas de alegria. Eu sou o primeiro a vibrar.

sábado, 13 de outubro de 2007

Dois

Dois medos
Dois dias
Dois dedos
Dois guias
Dois gatos pingados
Rodando no meio do mundo

Dois mundos
Dois tempos
Dois beijos vizinhos
De um tempo
Em que dois eram um
E um era só um pouquinho

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Na média: Analisando as contradições

No Maranhão, a inteligência vem acompanhada de uma timidez vertiginosa ou de uma arrogância injustificável. Quem é esforçado pode se dar bem, mas esbarra na falta de talento. Quem sabe que é bom, não diz. Quem diz que é bom não sabe porra nenhuma. E isso em todos os campos. Escritores prepotentes que nunca leram metade do que dizem e usam sua pretensão para humilhar quem não mostra seu talento. Músicos que tocam blues, rock, jazz divinamente bem. Seus acordes vêm acompanhados de uma prepotência medonha, uma egotrip nojenta da qual eu jamais quero fazer parte. Esses personagens extrovertidos e folclóricos também se metem a dar opiniões sobre política. São anarquistas convictos, desses que metem o pau no sistema, mas trabalham em empregos indicados pelos pais da namorada, ou coisas semelhantes. É um assombro perceber que pouca gente se livra de um complexo de Peter Pan muito mais pueril do que qualquer conceito que eles criticam. Não sabem nem vender seu peixe, mas acham que a culpa é dos outros... A coisa mais fácil do mundo é reclamar. Basta ter uma lingua afiada e um monte de merda na cabeça.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Não quero parecer poeta, pretensioso ou bonzinho. Muito menos fazer parte de uma maranhensidade boa praça que nunca é levada a sério quando o assunto é música. Não toco tambor de crioula, nem faço parte dos 486 bois que saem por aí animando arraiais com a verba do governo estadual e alegam uma perseguição que acabou há, no mínimo, 20 anos.
Sou um péssimo guitarrista e um bom letrista que nunca imaginou compôr para cantar em público. Porém, se tive algum êxito até hoje, foi por causa da relação que tenho com todos. Não sou apadrinhado, não recebo ajuda de ninguém (a não ser dos meus pais, que nunca foram políticos) e consegui tudo com a cara dura, essa mesma que morre de medo de ficar imóvel.