segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

O
meu
dedo
sangrou
em cima
do teu
segredo
roubou
a rima
e o teu
brinquedo
deixou
à beira
da cama

Roeu
a sobra
do teu
vestido

roçou
a barba
no teu
ouvido

notou
teu rosto
desprotegido

no meio
das chamas

domingo, 9 de dezembro de 2007

Antes fosse qualquer som, ou sonho de valsa, um medinho de três minutos, desses que sentimos todos os dias. Um mundo a mil por hora exalando felicidade por todos os poros. Antes fosse apenas uma linda moça e não vivesse pisando em nuvens ou deixando saudades em encontros apressados.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Em cada espaço vazio eram colocadas flores falsas, formulários de repartições públicas e amores made in Paraguai. O Whisky, porém, era escocês e tinha 12 anos, o que garantia uma ressaca legítima. Na hora da verdade, porém, não cabia mais nada.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Olhou para o espelho e viu que o coração era de vidro. E as emoções são como mãos desatentas carregando taças de vinho. Somente ela poderia constatar. Passou a mão no rosto, estava pingando de suor. Eram nove horas da noite, nem muito cedo, nem muito tarde. Da janela de seu quarto, podia apreciar o trânsito, mas não identificava o rumo dos carros. Nas prateleiras, livros eram ignorados como postes que servem de banheiros para cães, sejam eles vira-latas donos da rua ou poodles de socialites. Mas nada disso lhe chamava a atenção. Sabia que pouco poderia vislumbrar enquanto estivesse olhando apenas para o espelho.